Etapa 4
Ciudad Rodrigo-Gallegos de Argañán
O regadio em mosaico. Graças aos terrenos de regadio, são cultivadas hortas e os pastos mantêm-se verdes nas margens do rio Águeda. Atravessamos uma paisagem em mosaico, alternando entre cultivos e pastagens, edifícios e sebes, bosques e riachos. Esta variedade traduz-se em biodiversidade, numa envolvência que se transforma num oásis de Verão. Entre as muitas espécies que por aqui prosperam, destaca-se a garça-boieira (Bubulcus ibis), com uma das escassas colónias na província de Salamanca. Esta espécie tem uma distribuição cosmopolita – habita em vários continentes do mundo – e a sua denominação advém do hábito de comer insectos na proximidade do gado.

Garça-boieira (Bubulcus ibis).

Sapo-parteiro-ibérico (Alytes cisternasii).
Pastagens de Conejera-Manzanillo. Depois da aldeia de Conejera, o caminho chega à Antiga Estrada de Portugal, construída no início do século XX sobre uma rota antiga. Caiu em desuso depois da inauguração, em 1954, da Nacional 620. A rota atravessa um grande pasto desflorestado. São pastagens pobres em matéria orgânica, mas ricas em espécies de plantas, muito raras noutras regiões, como a língua-de-cobra ou língua-de-serpente (Ophioglosum vulgatum) e a Lichnis flos-cuculi. Nestas paisagens, vivem muitas espécies de aves de rapina e algumas estepárias, como a abetarda (Otis tarda).

Vaca morucha cárdena nas pastagens de Manzanillo e ao fundo Serra de Camaces.
ZEPA Campo de Argañán. Depois das hortas mirobrigenses, começam vários espaços naturais protegidos pela Rede Europeia Natura 2000. A rota atravessa a Zona de Especial Protecção para as Aves (ZEPA) Campo de Argañán, com uma área de 173 km2. Nesta zona, grandes extensões de pastagens, alternando com cultivos, prados e cursos fluviais – entre outras paisagens – juntam-se a outros LIC (Lugares de Interesse Comunitário) e ZEPA até formar um conjunto de 1376 km2 de zonas protegidas de interesse europeu.

A GR 80 na ZEPA Campo de Argañán com a Serra de Francia com neve.
Puente de Manzanillo. Obra referida já em mapas antigos.
Puente de Marialba. Sobre a ribeira de Azaba, perto da sua desembocadura no Águeda e entre as quintas de Marialba e La Puentecilla, traçou-se esta ponte histórica, que conjuga atractivos elementos arquitectónicos e paisagísticos. A data da construção aproximada será o século XVII, embora possam ser observados elementos arquitectónicos próprios de épocas anteriores, como osbeques angulares com remate escalonado.

Puente de Marialva, sobre a ribeira de Azaba.
O pardal-espanhol. Esta ave (Passer hispaniolensis), muito parecida com o pardal-comum (Passer domesticus) é uma das espécies singulares que podemos observar com relativa facilidade a partir do caminho. Ao contrário do pardal comum – que nidifica em construções e é um estrito comensal com a espécie humana, tanto que quando as pessoas abandonam as povoações, ele também vai – o pardal-espanhol faz o ninho em árvores, formando colónias (de até 30 mil ninhos) e não procura a companhia das pessoas. Não obstante, existem alguns casos de populações híbridas, de pardais espanhóis e comuns. Frequentemente, formam colónias nos ninhos de cegonhas e outras aves grandes. Enquanto o pardal comum é sedentário, o espanhol inverna para África ou para a metade meridional da Península Ibérica, embora também existam grandes concentrações na província de Salamanca durante o Inverno. É uma espécie bastante comum nas bacias dos rios Tejo e Guadiana, mas as colónias são algo dispersas na metade norte da península. Na província de Salamanca, está em expansão e colonizou outras zonas do centro e oeste, a partir das suas zonas tradicionais das ribeiras do Águeda e do Turões. Ocupa as suas colónias entre Março e Julho.
Antiga Ponte de Gallegos de Argañán. Uma ponte histórica, rodeada de uma amena paisagem de hortas, recebe-nos nos arredores desta aldeia, nas margens da ribeira de Gallegos. É uma obra do século XVII, harmoniosa e muito bem conservada.

Ponte antiga de Gallegos de Argañán, sobre a ribeira de Gallegos.
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