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18,9 km, 3 h 10 min.

158 m de subida acumulada.

 
 
 
 
 
 
 
Etapa 6
Vilar Formoso-São Pedro de Rio Seco-Almeida

O Riba-Côa Central. O sector central do rio Côa é ocupado, aproximadamente, pelo município de Almeida. As suas paisagens minerais oferecem o protagonismo ao granito, que as marca com as suas formas arredondadas e constantes desafios à lei da gravidade. Para este, na fronteira com Salamanca, estas obras afrouxam e a Raia não é mais do que um simples traço no mapa, quase invisível sobre o terreno, não fossem os marcos que a delatam e o curso intermitente do rio Turones ou Tourões. Para oeste, a Ribeira das Cabras continua a escavar o seu leito. Cortando as altivas paisagens do granito, emergem os diques de quartzo.


Vinhas e horta perto de Vilar Formoso.

Vilar FormosoVilar Formoso traz no seu nome a sua remota origem, já que “vilar” nos transporta a uma intensa ocupação durante os tempos romanos e depois sob o jugo visigodo. O apelido fala-nos do seu apelo estético. A povoação cresceu particularmente durante o século XX e funciona como a porta principal, por estrada e por ferrovia, de Portugal com o resto da Europa. A partir do caminho, poderá descobrir a parte menos conhecida de Vilar Formoso, mas também se poderá afastar uns metros do caminho para visitar lugares como a artística estação de caminho-de-ferro e os seus azulejos. A igreja paroquial possui um tecto mudéjar bem conservado.



Pormenor da Estação do Ferrocarril de Vilar Formoso.

Ribeira dos Tourões ou Toirões. Esta ribeira, que atravessa o amplo território de Vilar Formoso, é, embora pequeno, um grande rio pela sua biodiversidade. De forma geral, tem um leito pequeno e no Verão poderá até ficar resumido a um conjunto sucessivo de charcos, onde perdura pouca água. Precisamente por isso, por serem intermitentes, estes modestos rios resistem à invasão de algumas espécies de peixes que, nos rios maiores – por exemplo, no Águeda durante a sua passagem por Ciudad Rodrigo -, dizimaram muitas espécies de peixes autóctones. Aqui, no Tourões, perduram estas espécies de peixes nativos. Outros seres aquáticos singulares são os cágados, com duas espécies que ainda vivem por aqui: o cágado-mediterrânico (Mauremys leprosa) e o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis). 


Rã-verde, Pelophylax perezi.

Ecótonos ao lado das gentes. Na zona de Vilar Formoso, o caminho corre nos limites da povoação. Estes arrabaldes, onde o habitat urbano contacta com o habitat natural, são áreas de transição que, utilizando termos da ciência ecológica, se chamam ecótonos. Ali vivem algumas espécies adaptadas à vida com as pessoas, como o pardal-comum (Passer domesticus) e a andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), bem como a alvéola-branca (Motacilla alba). O abandono dos cultivos, mais visível quando nos afastamos das povoações, está a fazer com que muitos animais selvagens se estabeleçam perto das populações.



Alvéola-branca, Motacilla alba.

A pega-azul: uma ave muito ibérica. A pega-azul (Cyanopica cooki) é um corvídeo muito comum durante quase a totalidade deste caminho, desde que exista arvoredo. É uma ave social e muito solidária: os jovens da família ajudam a criar os pintos. Curiosamente, a distribuição da pega-azul é muito inusitada. Dentro da Europa, só existe na Península Ibérica e tem um parente próximo no outro lado do mundo, nos confins orientais da Ásia. Por esse motivo, diz-se que foi trazida pelos navegadores portugueses para a península, mas, recentemente, tendo-se vindo a acreditar que essa invulgar distribuição poderá dever-se às migrações que ocorreram durante períodos de glaciação.


Pega-azul (Cyanopica cooki).

São Pedro do Rio SecoUm passeio por esta localidade permitir-nos-á descobrir muitos dos seus elementos culturais. Dentro da povoação, destacam-se várias sepulturas lavradas na rocha. Este tipo de tumba é relativamente frequente nesta região da Raia e a sua origem não é muito clara. A teoria mais aceite é que teriam sido escavadas na Alta Idade Média, pelos povos Godos.Antes de chegar à povoação, vindo de Almeida, poderemos apreciar um pombal. Perto do caminho, também poderá ser encontrado um lagar romano.


Tumbas altomedievais em São Pedro do Rio Seco.

Túneis verdesEntre Almeida, São Pedro do Rio Seco e Vilar Formoso, sucedem-se paisagens várias, onde reina uma espécie de árvore: o freixo-de-folhas-estreitas (Fraxinus angustifolia). O caminho percorre alguns tramos na intimidade dos túneis formados por estas árvores, mas também há passagens à sombra de carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica). Tanto os freixais como os carvalhais são habitats destacados pela Directiva de Habitats da União Europeia.


A rota sob um túnel de freixos, próxima de São Pedro do Rio Seco.

Puzzles de biodiversidade. Esta contínua alternância entre pastagens, cultivos e bosques é muito valiosa para a fauna silvestre. Nesta paisagem, encontram-se, à vontade, muitas espécies para diversos gostos. Quando começar a reparar no que se mexe – e também no que se esconde – ao seu redor, começará a descobrir esta biodiversidade. Sobrevoando este panorama, poderá observar, entre muitas outras espécies, aves de rapina, como o milhafre-real (Milvus milvus), o milhafre-preto (Milvus migrans) e a águia-de-asas-redondas (Buteo buteo).


Águia-de-asas-redondas (Buteo buteo).

O tempo da transumância. Foram estes rios e as suas mesetas adjacentes território de passagem para o gado transumante. Deviam sê-lo há milhares de anos, no Paleolítico Superior, quando as tribos caçadoras e nómadas deixaram os seus conhecimentos e as suas crenças impressas nas rochas do Baixo Côa. São, portanto, estas terras de Almeida paisagens de transição. Aí, onde os rios se afundam, o clima torna-se benigno e, mais além, onde os planaltos são chicoteados pelos ventos e pela geada, o clima sente-se áspero, inóspito até. Fueron estos ríos y sus penillanuras adyacentes territorio de paso para los ganados trashumantes. Y debieron serlo ya hace miles de años, en el Paleolítico Superior, cuando las tribus cazadoras y nómadas dejaron impresos sus conocimientos y sus creencias en las rocas del Bajo Côa.Son, pues, estas tierras de Almeida paisajes de transición. Allí donde se hunden los ríos el clima se vuelve benigno, y allá donde las altiplanicies se dejan azotar por los vientos y las heladas se nota áspero e incluso inhóspito.


Fonte e Portas de São Francisco, em Almeida.


Almeida, mostrando-se ao mundo. A cidade de Almeida tem nome árabe, significando “mesa” e sendo de facto uma colina que se destaca sobre a peneplanície. A sua história está há muitos séculos ligada à do território de Ciudad Rodrigo, já que nos tempos imediatamente após a chegada dos romanos, existiu neste lugar o castro de Cattacobriga, ocupado pela tribo dos Vetões, a mesma etnia que se distribuía por terras mirobrigenses. Milhares de anos antes, a humanidade deixou, quer na proximidade de Almeida, como perto de Ciudad Rodrigo, instrumentos do Paleolítico Inferior, datados de uma idades superior a 100,000 anos.


Rua do centro histórico de Almeida.

Almeida: a estrela de doze puntas
Desenhada para fazer-se forte ante os ataques espanhóis, esta praça encheu páginas de sacrifício na história de Portugal. Foi, de facto, a segunda fortaleza mais importante do país, após a de Elvas, perto de Badajoz. Do céu, aprecia-se a sua figura de estrela de 12 pontas, em forma de baluartes e revelins. A muralha tem um perímetro de cerca de 2,5 km, com um fosso que alcança, em alguns pontos, 60 m de largura. Esta estrutura que vemos actualmente data dos finais do século XVIII.

Muralla y foso de Almeida.

As muralhas silvestres
O conjunto fortificado oferece muitas oportunidades a uma enorme variedade de seres vivos. As aves são as mais visíveis e muitas aproveitam os nichos entre as pedras para nidificar, enquanto outras se refugiam em árvores ou em arbustos, outras até procurando lugares protegidos no solo. A andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris), o rabirruivo-preto (Phoenicurus ochruros) e o andorinhe o andorinhretoidos no solo. A andorinha-das-rochasos cultivos y en el ganado que aquiferrocarril m la o de tumbas son relativão-preto (Apus apus) são três exemplos dessas aves adaptadas à vida destas estrelas fortificadas.


Da esquerda à direita, andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica) e andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum).

 
 
 
 

Texto e fotos: Juan Carlos Zamarreño Domínguez – Outras imagens: ficheiros e publicações dos municípios de Almeida e Ciudad Rodrigo e do Consórcio Transfronteiriço de Cidades Amuralhadas.
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